Os mercados monetários permanecem voláteis face aos dados mistos dos EUA

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23 Janeiro 2023

Escrito por
Enrique Díaz-Álvarez

Diretor de Riscos Financeiros da Ebury

Na semana passada, verificou-se alta volatilidade nos mercados cambiais sem o aparecimento de qualquer tendência clara.

A
libra esterlina foi a vencedora da semana, uma vez que os mercados ignoraram a queda nas vendas a retalho, enquanto o iene teve um desempenho inferior a todas as outras moedas do G10, o Banco do Japão manteve intacta a sua política monetária, na reunião de Janeiro. As moedas dos mercados emergentes tiveram um resultado misto, uma vez que a força do peso chileno e da maioria das moedas do leste asiático foi compensada por fortes quedas do real brasileiro e do rand sul-africano. As preocupações políticas estão a aumentar, particularmente no Brasil.

Esta semana é relativamente calma em termos de anúncios políticos, mas haverá bastantes relatórios macroeconómicos. Esperamos assistir a uma recuperação significativa nos índices da Zona Euro à medida que os receios de recessão diminuem.

Os índices de atividade económica do PMI para todas as principais áreas económicas serão divulgados e, no final da semana, as atenções centrar-se-ão na primeira leitura do crescimento do PIB dos EUA no quarto trimestre e no relatório de inflação PCE dos EUA. Espera-se que o primeiro apresente um crescimento saudável e o segundo deverá confirmar a modesta tendência descendente da inflação de base; ambas devem ser boas notícias para a Reserva Federal.

EUR

Continua a crescer o optimismo de que a economia europeia evitará a recessão. Esta semana, o comportamento dos investidores e os registos de novos automóveis vieram juntar-se ao clima de optimismo, mas a principal confirmação terá de vir dos índices de actividade empresarial do PMI para Janeiro que serão publicados.

A saída da China da política de COVID zero continua a alimentar o rali do Euro, tal como a sensação de que, embora o Fed possa dar-se ao luxo de reduzir o seu aperto monetário, o BCE não pode. Alguns oradores do BCE, incluindo a presidente Lagarde, deveriam confirmar a posição hawkish para promover a recuperação do Euro.

USD

Tal como no Reino Unido, os EUA emitiram relatórios mistos de dados económicos. Fortes dados do mercado de trabalho contrastam com a fraqueza dos dados mensais de vendas a retalho, reconhecidamente muito voláteis.

É pouco provável que a Reserva Federal faça declarações de movimentação de mercados tão próximo da reunião de Fevereiro, mas os números do PIB e, mais importante ainda, o relatório de inflação PCE podem afetar a informação que a Reserva Federal dará. Estaremos muito atentos ao valor da inflação core transmitido pelo PCE, provavelmente o indicador de inflação mais importante aos olhos do banco central.

GBP

O Reino Unido teve o mesmo tipo de cenário misto dos EUA. O relatório do emprego de Novembro foi forte e a inflação de base não mostrou sinais de abrandamento, mas as vendas a retalho foram fracas, talvez arrastadas pela onda de frio e pelo calendário do Campeonato do Mundo.

Os mercados concentraram-se nos sinais positivos e a libra esterlina liderou as moedas do G10, fechando nos níveis mais altos em relação ao dólar desde o Verão passado. Espera-se que o Banco de Inglaterra suba a taxa de juro em 50 pb enquanto o Fed desce a expectativa para apenas 25 pb. E assim, uma menor resistência para a Libra a curto prazo parece estar a aparecer.

 

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